Continuando com o tópico referente à deformação das rochas, hoje lançaremos um olhar mais aprofundado sobre as dobras e as falhas.
Dobras são estruturas geológicas em que as camadas de rocha, originalmente planares, encontram-se inclinadas ou vergadas. Para ajudar a visualização deste fenômeno em três dimensões, imagine que você está diante de uma folha de sulfite sobre uma mesa e que, com as duas mãos apoiadas nas laterais da folha, comece a aproximar as duas mãos. O que acontecerá?
É fácil perceber que a folha irá produzir um arco!, ao cessar a força, no entanto, a folha retornará ao seu estado original. Diferentemente da folha de sulfite, as rochas, quando submetidas a distorções plásticas, permanecem dobradas.
Conforme se aproximam da superfície da crosta, as rochas tendem a ficar mais frágeis. Dada esta característica, a formação de dobras ocorre mais frequentemente na base da crosta, onde as rochas são mais dúcteis; o resultado, na superfície tende a ser a falha.
Dito isto, podemos agora, iniciar uma análise da configuração das dobras
As dobras podem ser monoclinais:
Trata-se de uma simples inclinação ou flexão, em camadas de rochas horizontais com mergulho uniforme.
De certo modo, uma dobra monoclinal é, simplesmente, a metade de uma dobra anticlinal ou sinclinal.
Anticlinais ou Sinclinais
Um anticlinal é uma dobra em arco convexo que tem as camadas mais antigas situadas em seu núcleo.
Uma sinclinal é uma dobra em arco côncavo que tem as camadas mais jovens situadas em seu núcleo.
Na imagem abaixo podemos ver tanto as dobras anticlinais quanto as sinclinais
Estas estruturas podem ser vistas muitas vezes apenas em um corte transversal, dada situações de erosão e aplainamento do relevo que impossibilitam a visualização desta estrutura de cima. Uma maneira de detectá-la, apesar do aplainamento e da erosão requer uma análise das diferentes rochas, e suas respectivas idades, presentes no afloramento.
Como foi dito, as dobras anticlinais apresentam as camadas mais antigas em seu núcleo, para a imagem ao lado, trata-se da camada marrom claro de rocha.
Já as dobras sinclinais apresentam em seu núcleo, camadas de rochas mais jovens, neste caso a camada vermelha de rocha.
Aspectos geométricos das dobras
As dobras apresentadas até agora são ditas simétricas, indicando que seus planos axiais são verticais e ambos os flancos (camada de rocha dobrada entre um plano axial e outro) mergulham com mesmo ângulo. Existem dobras, no entanto, cujo plano axial não é vertical e cujos flancos mergulham em ângulos diferentes. (Tratarei destes tipos de dobras em posts posteriores)
Por fim, resta apresentar mais dois conceitos que ajudarão o leitor a entender este e demais temas de geologia estrutural que periodicamente serão postados aqui:
Direção e mergulho
Por definição, a direção é uma reta formada pela intersecção de um plano horizontal com um plano inclinado ao passo que o mergulho é a medida da inclinação máxima de um plano em relação ao plano horizontal. O que isso tem a ver com geologia? Tudo!!!
A geologia usa conceitos e formas geométricas típicas das áreas de geometria plana e espacial para tentar aproximar feições geológicas de formas geométricas conhecidas, com o intuito de facilitar a sua visualização e interpretação.
A imagem abaixo (super didática!) apresenta a direção e o mergulho de uma camada rochosa, cuja parte acima do nível d'água não apresenta as estruturas vistas em perfil.
Na imagem A é possível observar uma representação puramente geométrica da feição vista em B. A direção é representada por uma reta derivada da intersecção de dois planos. Esta reta faz um ângulo com o norte geográfico (não mostrado na imagem), e este ângulo é utilizado como a direção de uma camada de rocha.
O mergulho, ângulo formado entre os dois planos, a saber: o plano horizontal e o plano inclinado - que representa as próprias camadas rochosas não planares - também apresenta uma orientação geográfica, uma vez que o mergulho se dá num determinado sentido.
Partindo para a prática, neste caso o trabalho de campo, a determinação da direção de uma camada e seu mergulho é feita por meio da bússola - equipamento essencial para um geólogo.
Bibliografia: WINCANDER, R. & MONROE, J. S. Fundamentos de Geologia. São Paulo: Cengage Learning, 2009
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